14 Comentários
set 5Gostado por Clara Vanali

Clara, não tem resposta para a sua pergunta. Acho que todo mundo percebe em algum momento que cresceu. Que tem cabelo branco. Que tem boletos e filhos. Mas cada um recebe a vida adulta de uma maneira. Eu recebi bem mal no começo dos meus trinta anos. Esgotei-me, sabe? Agora, aos 43, me sinto mais jovem, apesar da dor nos joelhos serem mais constantes. A relação com meus filhos é leve. Um amigo do meu filho disse outro dia: “sua mãe é legal, ela fala gíria e assiste One Piece”. Mas as crianças me rejuvenescem muito, assim como deram vida nova aos meus pais. Aliás, meus pais dizem que sou mais criança que minhas crianças. Ao mesmo tempo, tem gente que não tem filho e que é idoso com a minha idade. Rs. Na minha opinião pessoal, o melhor é não pensar nisso. Como sei que virei adulto? Não sei. Sei que vou vivendo, com maiores doses de responsabilidade aqui e menores ali. Me sentindo adolescente em alguns momentos e adulta em outros. A maturidade não é constante, não é finita e não acontece em todas as áreas da vida de uma vez só.

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Que relato maravilhoso, Andrea. Não tem resposta mesmo. Também acho que levo com mais leveza hoje do que com meus 30 e poucos. Adorei quando você diz que a maturidade não acontece em todas as fases da vida de uma vez só e que não é finita. A cada experiência, um amadurecimento diferente. Um beijo.

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set 14Gostado por Clara Vanali

Acredito que a influência do ambiente exerça mais força que ter ou não gerado uma criança. Aquelas meninas que fogem de guerras no Oriente Médio ou os garotinhos que estão na rua vendendo doces para alimentar os irmãos menores sabem muito sobre responsabilidade, sobre abnegação, sobre dever. Mas não são adultos, embora esqueçamos disso. A maturidade, por sua vez, não é um marco temporal, mas ocasional. É possível ser maduro e cair na gargalhada com os amigos, mesmo sendo idoso. Assim como uma criança entende o ar pesado num velório e controla os impulsos de querer brincar na grama. Quem é pai ou mãe não transcendeu misticamente pra um Buda elevado. Meus pais tinham cansaço, tinham dor, tinham fome, mas também tinham amor. Não foi a maturidade que os ensinou a amar, mas é o amor que amadurece a gente e nos ensina a usá-lo com amigos, pais e filhos, no momento e na medida exata.

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Obrigada pelo seu relato Carlos, concordo muito. A influência do ambiente exerce muita força em nos tornar adultos.

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Delícia de texto com bônus de comentários com relatos maravilhosos.

Que vontade de chamar td mundo daqui pra um café de vó e ficar conversando sobre isso por horas e horas.

Faz anos que penso nisso. Minha mãe me pedia pra falar pra ela quando eu desse a virada pra adulta, pelo que ela conta ela teve essa virada como um insight de segundos e meu tio, irmão dela, também. Os anos passaram hoje tenho 34 e essa virada nunca aconteceu, sempre tive uma crise por isso.

Hoje eu entendo que o meu amadurecimento não veio como uma virada de chave, ele veio aos poucos. Aos poucos fui vendo que eu dou conta da casa, da minha saúde, do trabalho, das contas, as plantas não morrem mais, até hoje tenho escolhido não ter filhos, mas já entendo que eu daria conta se tivesse. Só por isso já me sinto adulta. Espero nunca endurecer por adultecer.

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Obrigada por compartilhar seu relato, Sara. Acho que eu também não tive essa virada, embora adultecer vá acontecendo sem que a gente se dê conta. Um beijo.

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Adorei o texto! Vira e mexe me pego fazendo esses questionamentos. Não tenho filhos por escolha, e ainda sou solteira (sou assexual, então o interesse nunca surgiu), por isso me questiono se não sou menos madura e responsável que as pessoas casadas e/ou com filhos. Ao mesmo tempo, tenho consciência de que pago minhas contas e cuido da casa o melhor que dá.

Mas tem momentos em que me sinto muito velha, especialmente quando vejo pessoas combinando de saírem à noite. Se eu fizer uma coisa dessa, não acordo no dia seguinte para trabalhar 😅.

Enfim, como já disseram acima, maturidade não é constante, nem está presente em todas as áreas da vida ao mesmo tempo.

Muito obrigada pelo texto!

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Eu que agradeço Helena, você compartilhar seus sentimentos sobre isso por aqui. Sair à noite eu também não sei mais o que é isso, rs. Obrigada e apareça mais vezes :)

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Acabei de voltar da casa da minha amiga que teve bebê há 1 mês. Fiquei 3 dias lá com eles (o que parece loucura, mas na nossa amizade é ótimo). Foi mágico e único conhecer o bebê, mas foi surpreendente ver minha amiga nessa nova fase. Ver que ela era a mesma, mas agora também era mãe de alguém.

Não era mais adulta ou tinha mais certezas, era ela com um toque de encantamento a cada barulhinho que nenê fazia. Não sei dizer, mas algo mudou em mim convivendo ali com ela 💛 continuo não podendo ser mãe por motivos biológicos e escolhas de vida, mas que foi marcante, aaaah foi...

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Que relato, Lanna! Muito obrigada por isso. Conviver com crianças faz a gente se mais adulto mas também ser criança ao mesmo tempo <3

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O texto é muito interessante, essa é uma reflexão que tenho com frequência. Penso muito na música do Erasmo Carlos: sou uma criança, não entendo nada. É genial.

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Me deu até saudade de ouvir essa música, Victor. Vou colocar aqui pra tocar.

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desconfio que ninguém se sinta plenamente adulto o tempo todo. não é uma questão de idade, mas de ter tantas responsabilidades na vida que, em alguns momentos, tudo o que você quer é não ter responsabilidade nenhuma e chamar um adulto para resolver…

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com certeza, Pedro! a gente tem que ser adulto porque não temos outra escolha, mas querer mesmo….

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