Oi queridos, tudo bem?
Já estão tomando o cafezinho? Trago reflexões confortantes pra você ouvir com esta música do Caetano, que vai ser a favorita da sua semana.
Vem comigo.
No play automático da vida, a gente se esquece de olhar pra si com um pouco mais de carinho. Tenho um exemplo pessoal para contar.
Estava eu semana passada na correria de uma diária de gravação dentro de um hospital (pra quem tá chegando agora, só para situar, eu tenho uma produtora de vídeos).
E eu me arrumei para esta gravação. Digo, fiz o que faço sempre. Prendi meus cabelos em duas tranças que se unem num coque atrás da cabeça, passei um delineador fininho no canto dos olhos, meu sempre protetor solar, um rímel, um batom levinho, coloquei o uniforme da minha empresa e fui coordenar a gravação, que envolvia uma equipe grande e muitos detalhes para não deixar passar. Num corre de lá e de cá, fui encontrar um entrevistado que estava perdido no hospital, então entrei num elevador pensando mil coisas nos meus pensamentos e trombei com uma médica mais senhora, que também estava meio confusa sobre o andar em que ela estava. Eu a ajudei a se situar e, então, ela olha pra mim e diz:
_Nossa! Como você é bonita!
Isso me pegou. Eu não estava esperando nada e recebi um elogio. Ainda mais em São Paulo, essa cidade acimentada em que ninguém presta atenção em ninguém. Ela não disse que eu estava bonita, ela disse que eu sou bonita. Parece bobo, mas fez meu dia. Eu não sei há quantos anos eu não tinha me olhado dessa forma (então eu sou bonita?) quando uma pessoa completamente desconhecida num ato de gentileza e sinceridade, deu uma pausa na loucura da minha mente para eu me recordar de mim.
_Obrigada. Isso me fez lembrar que não sou invisível.
O fato é que isso me levou muito para um livro que mudou minha vida quando eu o li aos 16 anos: Como fazer amigos e influenciar pessoas. Alguns torcem o nariz, porque é um autoajuda mais antigo que a idade da pedra e que promete ser a Bíblia das relações interpessoais, mas juro que abriu muitos caminhos para eu lidar com gente naquela época. Por exemplo, ele aconselha muito você a, quando conversar com uma pessoa, repetir algumas vezes o nome dela. O ato de citar o nome da pessoa em voz alta faz ela se sentir importante, acolhida. Desde aquela época, isso grudou no meu cérebro e até hoje, eu faço isso (até demais) de, quando estou falando com uma pessoa, trazer o seu nome pro meio da conversa. Do tipo: Mas, Carolina, como você preparou esse risoto maravilhoso?
Outro ponto do livro é que ele sugere que, para criar um laço com alguém, ou passar uma boa impressão, você deve fazer um elogio a ela, de graça. Não algo forçado, mas um comentário atencioso para destacar alguma característica especial: que cabelo bonito você tem! / gostei do seu sapatos, sempre quis ter um assim.
Isso abre portas. Cria conexão.
E não tô dizendo que a senhora, que me teceu o elogio, leu Dale Carnegie. Mas que, por ela ter feito isso, comprovou o ponto dele de que um elogio aleatório sempre desarma as pessoas e as faz se sentirem únicas.
Você já elogiou alguém esta semana?
Aliás, vale fazer com si próprio também. Já disse a si mesmo como você é bonita/bonito?
Às vezes, tem que vir uma pessoa de fora para nos informar o óbvio:
estamos esbanjando beleza, meus amigos.
Uma foto que minha mãe tirou de mim numa manhã de outono ensolarado em Araçatuba, porque ela achou que eu estava bonita tomando café com a planta bico de papagaio majestosa atrás. Se ela não falasse, eu jamais saberia.
Eu acho que beleza é um trem que vem de dentro. De saúde, maturidade e tranquilidade em saber que estamos confortáveis com nossas escolhas.
E, de tempos em tempos, é importante revisitarmos nossas escolhas de vida pra ver se aquilo está fazendo sentido para nossa paz de espírito.
Isso é beleza também.
Ontem fui almoçar num restaurante com um amigo que, gentilmente fez questão de pagar a conta, e eu num ato de não, não precisa, fui interrompida pela garçonete muito lúcida que disse: deixa ele pagar, moça, afinal o que é a vida? o que é a vida senão uma grande ilusão, senão esse monte de coisas que inventamos, situações. isso tudo vai acabar, é tudo temporário, então deixa ele pagar.
Foi uma reflexão meio pesada para um almoço, mas sensacional.
A gente cria um trabalho, uma casinha, nossas coisinhas e vai seguindo estrada como se tudo fosse tão importante. O cenário todo vai virar poeira. Mas olhamos pra frente sem nos encantar pelos lados, pelos outros. Aconselho quebrar o automático e fazer elogios. Pagar contas de vez em quando, principalmente quando você não vê há tempos aquela pessoa. Gentilezas. Acolhidas. Mandar uma mensagem quando se está com saudade. Olhar pra si também com amor e pensar em como a nossa essência reflete beleza para outras pessoas e, quem sabe, ser surpreendida por alguém que vai te olhar e dizer:_caramba, como você é bonita.
Ou, talvez, tomar a iniciativa e ser a pessoa que vai olhar pra alguém e revelar o quão bonita ela é. Já experimentou?
Obrigada por me acompanharem até aqui!
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A música do Caetano que eu indiquei pra acompanhar seu gole no começo desse texto, eu descobri pelo filme Rivais, que tem uma trilha sonora ótima e planos de filmagem bem diferentões. Entretenimento puro. Recomendo e está disponível para alugar na Amazon Prime.
Fiquem bem.
Um beijo,
Volto logo.
Clara Vanali.
Que texto gostoso de ler, Clara! É tão difícil receber elogios, né? Eu fico desconfortável, achando não merecedora daquilo e que a pessoa é doida rsrsrsrrs.
E fala da moça do restaurante me fez arregalar os olhos! 😅 Errada não está.
Que lindo! Me pego pensando muito nisso também, que a beleza vem de dentro: é um brilho diferente que tu vê na pessoa. E adorei a reflexão no restaurante hahaha pesada, mas profunda e necessária!